Há boias, coletes salva-vidas e todo o material de salvatagem a bordo. Com as cartas náuticas da região onde irá navegar, você sai para o mar aberto e pensa que está seguro. É aí que mora o perigo. Será que a fiação da parte elétrica encontra-se bem fixada? Não há óleo derramado no entorno do motor? Essas e outras questões não passam pela cabeça de quem só quer curtir as delícias do mar. Mas deveriam. Segundo a Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil, 44% dos incêndios em barcos registrados no país, nos últimos três anos, ocorreram em embarcações de esporte e recreio. Acidentes que poderiam ser evitados se os donos fizessem uma inspeção anual. Em alguns casos, inclusive, essa inspeção é obrigatória e gera um documento chamado certificação, reconhecido pela autoridade marítima, como explica Ed Nascimento, diretor técnico da AWS Service, que atua no desenvolvimento de projetos navais, vistorias e inspeções técnicas.
1- Qual é a importância da certificação?
Ela indica se uma embarcação é segura. É uma garantia de que requisitos técnicos e normativos determinados pela autoridade marítima estão sendo cumpridos. E, conforme uma Portaria de 2012, cabe a uma empresa certificadora realizar vistorias e emitir certificados em nome dessa autoridade.
2- Como é feito o trabalho de certificação?
Na primeira etapa, que dura cerca de 10 dias, é feita a análise e aprovação do projeto em papel da embarcação, gerando uma licença. A segunda é a vistoria. O projeto é confrontado com aspectos físicos da embarcação, gerando um laudo. Ela é feita em dois dias, com o barco em seco e flutuando. Se for detectado um erro, o contratante é informado para efetuar os ajustes. Caso tudo esteja em conformidade, porém, é gerada a certificação.
3- Que aspectos são verificados?
Vistorias e certificações são ações preventivas para a salvaguarda da vida humana no mar, a segurança da navegação e a não poluição. São observados aspectos como estrutura do casco, condições de flutuabilidade, estanqueidade, conformidade dos equipamentos de segurança, combate a incêndios e salvatagem, entre outros requisitos técnicos.
4- Toda embarcação deve ser certificada?
Não, só barcos de esporte e recreio acima de 24 m, barcos de transporte de passageiros, como saveiros e escunas, iates e aqueles cuja arqueação bruta (somatório do volume útil da embarcação) seja igual a 20. Quem tem barco que se enquadra num desses quesitos deve providenciar a certificação, a ser renovada anualmente. Do contrário, o barco poderá ser apreendido pela autoridade. Quem possui um barco que não se enquadra, mas quer navegar com mais segurança, pode pedir uma consultoria.
5- A certificação ainda é desconhecida?
Sim. Houve avanços, mas muita gente não sabe se deve certificar o barco. Analisando o mercado fluminense, nossa base de atuação, a AWS atestou de 60 a 70 embarcações de esporte e recreio, entre laudos e certificações. Acreditamos que, somando o trabalho de outras empresas, existam de 2 mil a 2,5 mil barcos certificados no estado. É pouco, já que o volume de embarcações só aumenta e o custo do serviço (entre 0,5 e 1% do valor do barco) é baixo para algo que não tem preço: a segurança.
Fonte: http://www.nautica.com.br/