Você tem certeza de que não bateu no fundo, mas, de repente, as travas dos paineiros começam a chacoalhar e fazer um barulhinho chato, e um formigamento sobe pelas suas canelas até atingir sua espinha. Jeff Fay, proprietário do estaleiro de manutenção Fay’s Boat Yard, localizado em New Hampshire (EUA), explica como detectar e consertar as vibrações dos eixos em lanchas com motores de centro.
Em primeiro lugar, dedique alguns momentos ao hélice. Um pedaço de pau flutuando na superfície pode entortar a pá sem que hajam sinais visíveis em sua superfície. Depois, verifique o eixo. “Se uma pá de um hélice entortou por algum motivo, a chance de o eixo também estar torto é bastante boa”, diz Jeff. Utilize um micrômetro firmemente preso ao casco para verificar a variação do eixo na ponta. Se ao girar o eixo a variação no micrômetro for maior do que 5 centésimos de milímetro, o mesmo terá de ser retificado. Uma medição no meio do eixo não deverá passar de 12 centésimos de milímetro.
Normalmente, o pé de galinha não se desalinha a não ser que o barco encalhe com brutalidade, mas as buchas em seu interior podem se desgastar, especialmente se linha de pesca se enroscar entre o eixo e sua porção central emborrachada. Aplique esforço lateral no eixo, perto da bucha. Caso haja algum movimento perceptível, pode ser aí a fonte das vibrações.
O próximo passo é examinar a casa de máquinas. “Se tiver algo quebrado, geralmente dá na cara, fica bem aparente”, explica Jeff. Compare os suportes e coxins dos motores de boreste e bombordo, pois pode ser que um deles esteja rachado ou até quebrado. Verifique também a longarina de apoio dos motores, se está bem firme, pois não é raro ter apodrecido por dentro.
Se todos esses componentes estiverem em ordem, dê uma segunda verificada com o auxílio de um ajudante. De acordo com Jeff, “às vezes a madeira por dentro de longarinas de fibra de vidro apodrece.
Mesmo que aparentem solidez, e que o motor pareça estar firme, quando é aplicada pressão os suportes dos coxins podem ceder, dando origem a vibrações”. Quando os suportes forem presos com parafusos autoatarraxantes (infelizmente uma prática comum), verifique se os mesmos estão dando aperto. Se não, é hora de chamar um especialista em compósitos.
1º Passo
Problemas com os coxins nem sempre são fáceis de detectar. “Os coxins possuem insertos de borracha que se deterioram com o tempo”, informa Jeff. “Desconecte o eixo do motor e observe as flanges”. Se um coxim estiver deteriorado, o motor abaixa no canto onde ele está montado. Por exemplo, se as flanges estiverem mais afastadas, digamos na parte superior a boreste (às 14h00, com a flange vista pela popa) e sem folga na parte inferior a bombordo (às 20h00), muito provavelmente o coxim frontal de bombordo está comprometido. Além disso, coxins podem ser ajustados, garantindo que o motor esteja alinhado com o eixo do barco e o de propulsão.
2º Passo
Os coxins também possuem regulagem de altura por meio de um eixo com rosca, que transpassa o suporte fixado no bloco do motor e é suportado por porcas e arruelas. Girar essas porcas permite ajustar a altura do motor.
3º Passo
Contraporcas por cima das porcas de ajuste ou usar porcas travantes garantem que o motor permaneça alinhado.
Fonte: Revista Mariner