O barco Team AkzoNobel foi o vencedor da sexta etapa da Volvo Ocean Race 2017-18, no percurso de mais de 6 mil milhas náuticas entre Hong Kong e Auckland, Nova Zelândia. Com a brasileira Martine Grael a bordo, a equipe cruzou a linha de chegada na manhã desta terça-feira (27), após uma disputa milha a milha com o time Sun Hung Kai / Scallywag.
O resultado, além de um dos mais apertados de todas as edições do evento, foi histórico para a vela nacional, já que a campeã olímpica da Rio 2016 se tornou a primeira brasileira a vencer uma perna da regata de Volta ao Mundo.
“Sentimento incrível de ganhar uma perna em Auckland”, comemorou Martine Grael. “Foi um clima muito de tensão antes da chegada na Nova Zelândia. O vento estava fraco e todos se aproximando por trás, com mais vento, deixando as últimas 24 horas muito tensas”.
Martine Grael, também a primeira brasileira a se tornar campeã olímpica, disse que a emoção nas regatas sempre está ao seu lado. A prova que deu à velejadora o ouro olímpico na Rio 2016 na classe 49er FX, ao lado de Kahena Kunze, foi decidida na última boia, com uma ultrapassagem histórica na Baía de Guanabara. Na sexta etapa da Volvo Ocean Race, a história se repetiu, com dois minutos de diferença para o segundo colocado, o Sun Hung Kai / Scallywag.
“Eu sempre quis uma chegada monótona e fácil. Mas infelizmente isso não está sendo possível, na Olimpíada e aqui sempre com emoção. Foi um clima muito intenso a bordo nas últimas horas. Agora é comemorar, descansar e preparar para a próxima perna”.
A próxima etapa da Volvo Ocean Race terá como destino final o Brasil. Os barcos partem no dia 18 de março de Auckland rumo a Itajaí, Santa Catarina. A etapa vale pontuação dobrada e terá desafios pelos mares do Sul como os limites de gelo, ondas gigantes e ventos fortes. O primeiro a contornar o Cabo Horn ganhará uma pontuação extra.
Mais sobre a sexta etapa
A equipe holandesa do AkzoNobel fez o percurso em 20 dias, 9 horas e 17 minutos. Diferença de apenas dois minutos para o segundo colocado. Em terceiro chegou o MAPFRE, 22 minutos depois. A etapa foi uma das mais acirradas da história, com o Dongfeng Race Team e Turn the Tide On Plastic terminando a prova 25 e 27 minutos, respectivamente, atrás do AkzoNobel. O sexto colocado foi o holandês Team Brunel, que terminou a etapa após 1 hora do vencedor.
“Foi um match race de 7 mil milhas náutica, algo irreal”, disse o comandante Simeon Tienpont, comandante do AkzoNobel. “Nunca fiz uma regata como essa em toda a minha vida. Sempre tinha alguém a nossa vista”.
O segundo colocado valorizou a vitória do AkzoNobel. “Nossa equipe nunca se deu por vencida”, contou o skipper do Scallywag, David Witt. “Dessa vez não deu! Tivemos nossas oportunidades, mas eles foram melhores”.
O resultado em Auckland leva o Team AkzoNobel do sexto para o quarto lugar na classificação geral da Volvo Ocean Race 2017-18. A equipe somou sete pontos – mais um extra – e agora tem 23 pontos no total.
O bronze na sexta etapa ampliou a vantagem do espanhol MAPFRE na liderança do campeonato (39 pontos). Em segundo está o chinês Dongfeng Race Team, com 34, e em terceiro, o SHK Scallywag, de Hong Kong, com 26 pontos.
O barco que velejou mais rápido em 24 horas na sexta etapa foi o Dongfeng Race Team, com 499.71 milhas náuticas percorridas em apenas um dia.
Vitórias brasileiras na Volvo Ocean Race
Martine Grael repete o feito do pai, Torben Grael, o primeiro a conquistar uma vitória para o país na Volvo Ocean Race. Na edição 2005-06, o barco Brasil 1 venceu a perna até Rotterdam, na Holanda.
“É um sentimento incrível de ganhar uma perna da Volvo Ocean Race, a gente chegou aqui em Auckland, uma cidade muito expressiva com uma cultura forte de vela”, disse Martine Grael.
Outros velejadores brasileiros também venceram etapas da Volta ao Mundo, como o próprio Torben Grael com o Ericsson 4 em 2008-09, Joca Signorini (Brasil 1 – Ericson 4 e Telefônica), Horácio Carabelli (Brasil 1 e Ericson 4), André ‘Bochecha’ Fonseca (Brasil 1 e MAPFRE) e Kiko Pelicano (Brasil 1).
Por Maristella Pereira
Fonte: Revista Náutica